Depois da tempestade não veio a bonança. Primeiro foi o petróleo a subir meteoricamente todas as semanas, para desespero do Mundo. Quando atingiu os 150 USD por barril, o petróleo permanecia numa escalada incontrolável, a ameaçar todas as economias já atormentadas com a crise do subprime nos EUA. O Mundo, incrédulo, sofria o embate destes dois ‘tsunami’ que abalavam países organizados como, por exemplo, a Espanha.
É óbvio que os efeitos se fizeram sentir em Portugal, perante oposições que se riam muito na Assembleia da República, náo sei se por estupidez, se por incompreensão do fenómeno ou por falta de sentido do interesse nacional. Essas oposições não tiveram nunca a coragem de falar verdade e explicar aos portugueses que essas dificuldades eram alheias ao País e tinham origem numa crise que afectou todo o Mundo.
O vento mudou, o petróleo inverteu o rumo, o preço por barril é agora de 90 USD, dentro das previsões globais. Aparentemente, tudo se encaminhava para o regresso à normalidade quando a maior crise financeira da História surpreendeu tudo e todos. Um furacão que começa nos EUA, afinal como quase todos. Ninguém conseguiu fugir a essa tormenta financeira que atira ao tapete os maiores bancos americanos e obrigou – quem diria? – o governo republicano de Bush a ‘nacionalizar’ instituições decisivas da economia americana que eram tidas como infalíveis.
As esperanças de que o fenómeno ficasse circunscrito ao território americano duraram poucas horas. Em poucos dias, os gigantes da indústria financeira europeia foram arrasados. Bradford & Bingley na Grã-Bretanha, Dexia na Bélgica e em França, Fortis na Holanda e na Bélgica, Hypo na Alemanha, etc. etc. Os governos europeus não tiveram outra solução que não fosse a de injectar ‘biliões’ de libras, dólares, euros, nessas instituições, enquanto as bolsas de todo o Planeta ganham cores vermelhas. Começa então a falar-se da necessidade da refundação do capitalismo financeiro.
A Rússia, a China e a Índia tambem são atingidas pela tormenta. Ninguém fica de fora. Portugal tenta passar por entre os pingos da chuva, mas os efeitos nefastos desta hecatombe começam a causar sérios danos na economia portuguesa. Todavia, torna-se agora evidente que as reformas, o controlo do défice e outras medidas de natureza económica e financeira foram providenciais e acertadas para enfrentar, nesta conjuntura, estes ‘abalos sísmicos’. O governo das grandes reformas mostra também sensatez, coragem e sabedoria em tempos de crise.
Emídio Rangel, Jornalista
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