Andámos perto! Eu cumpria o serviço militar no M.Exército pelo que só trabalhava a partir das 13h. Estava abolrtado em casa duns tios velhinhos e foi ele que me acordou ,pelas 10h, a dizer que ouvisse o rádio que havia uma revolução.
Depois de assegurar o seu almoço com um restaurante em frente, contactei um camarada de armas no quarteirão pegado (Rua de Artilharia 1) em casa de quem almocei e fomos de autocarro até à Baixa.Nos Restauradores já se ouviam os primeiros acordes do MRPP.O Terreiro do Paço estava praticamente deserto, pela esquina das Finanças saía um grupo de Polícia de Intervenção, à porta do ministério aguarda um pequeno número de cumpridores mas a entrada não era permitida.
Quando pudémos subir, vimos logo ao cimo do 1º lanço o buraco por onde fugira o ministro pela madrugada.De oficiais apenas se viu um capitão do SG .Ao longe ouviram-se tiros,eram do Largo do Carmo. E como ninguém mandava nada, fomo-nos embora.
Subi então ,sozinho, por ali acima.E uma das mais pungentes imagens que guardo desse dia, como que pedidas de empréstimo a um set de filmagens sobre a 1ª G.Guerra,é a de um pelotão da GNR , lúcidos da figura macabra que estavam a representar e que só aumentava a sensação de mal-estar dos passantes, como que pedindo desculpa daquele papel que lhes era imposto. Lancinante quadro a clamar por misericórdia ,perdão e caridade.
E aí fui avenida fora a comprar todas as novas edições dos jornais que começavam a sair, mostrando orgulhosamente na 1ª página "Não visado pela censura".
Na noite que seguiu tive a minha última dor de dentes!
No dia seguinte falei com o meu pai ao telefone .
By M.C.
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