Aquilo que pode surpreender num artigo publicado pelo American Journal of Human Genetics e referido hoje no suplemento P2 do Público não é o que anuncia, mas sim a amplitude dos números ali adiantados. Um estudo recentemente publicado por aquela revista científica revela que 30,4% dos homens portugueses traz inscrita na sua matriz genética uma origem sefardita (19,8%) ou magrebina (10,6%). A sul do Tejo, então, a percentagem sobe particularmente (36,3% de judeus e 16,1% de mouros), chegando a níveis que em toda a Península Ibérica apenas podem ser comparados, superando-os até, aos da Andaluzia. O que não deixa de ser uma ironia da história - já António José Saraiva o havia referido quando considerava a Inquisição uma «fábrica de cristãos-novos» - é que a maior parte da miscigenação se produziu precisamente por intervenção do sempre atento «Tribunal do Santo Ofício». Quando, para escaparem à morte, à deportação ou ao confisco dos bens, numerosos judeus, e também muitos muçulmanos, foram constrangidos a converterem-se ou o fizeram por vontade própria. Somos, pois, ainda mais mestiços do que pensávamos. Sabe bem.
1 comentário:
Os lusitanos não chegaram às nossas zonas.
Mas além de genes de judeus e árabes , também há os de iberos, vândalos, suevos, romanos,para não falar nos celtas e nos outros - pelo que já Jaime Cortesão referia que , em tão grande mistura, enriqueciam o sangue dos que habitavam esse território exíguo e que vieram a chamar-se portugueses.
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