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segunda-feira, setembro 22, 2008

"As mulheres não são modernas, querem casar"

Entrevista. Surpreendida com a "enorme quantidade" de mulheres a sofrer por amor, a psicanalista Mariela Michelena estudou o drama das 'mulheres mal-amadas', num livro que dá pistas para fugir a relações destrutivas, mesmo quando existe amor

Porque decidiu escrever um livro sobre "mulheres mal-amadas"? É tema central no seu consultório de psicanalista?

Descobri que muitas das mulheres que vinham à minha consulta, de diferentes idades, trajectos e níveis sociais tinham um traço comum: todas sofriam por amor. Ou porque o seu homem as deixou ou porque estão submersas numa relação que lhes causava muito sofrimento. Há uma enorme quantidade de mulheres em sofrimento por amor.

Sofrer por amor é uma condição humana ou particularmente feminina? Também há homens mal-amados, não?

Também há homem mal-amados, mas normalmente esses são os que se posicionam mais no pólo feminino, passivo. E até têm um sofrimento mais solitário, porque enquanto nós temos as amigas, para eles é muito humilhante e difícil falar dos males de amor. Mas é essencialmente uma condição feminina, talvez até pela sua natureza. Por causa da maternidade, as mulheres estão preparadas para esquecer-se de si e fazer sacrifícios por outro. Mas uma coisa é sacrificar-se por um bebé, indefeso, outra é sacrificar-se por um homem de 40 anos. O problema é quando as mulheres se confundem e começam a tratá-los como um bebé. Quando gostam de um homem, às vezes querem mimá-lo como a um bebé. Tudo bem se for recíproco, mas quase nunca é...

A mulher que se sacrifica e anula por um homem, aceitando tudo, não está a colocar-se a jeito para ser mal-amada?

Creio que sim. Às vezes as mulheres favorecem essas situações. Porque talvez esse mesmo homem com outra mulher que não aguente tanta coisa, que não perdoe tanto, se comporte de outra maneira, melhor. E há quem pense que se nunca os enfrentarmos e se tudo lhes perdoarmos, eles vão gostar mais de nós. Mas não é assim. Por isso é importante estar atento logo no início, quando deixamos passar coisas importantes.

Que sinais a reter no início da relação?

Temos de nos sentir confortáveis, sentir que há reciprocidade, que o outro faz coisas para nos fazer sentir bem e não está só interessado em receber. Por outro lado, tem de haver respeito, pela pessoa que somos, as nossas opiniões, a nossa vida, trabalho, horários. Há coisas básicas que não se devem deixar passar. Por exemplo, se ao início de uma relação há uma infidelidade, isso é um sinal de alerta. Ou se duas semanas depois de um início muito romântico o outro não liga.

Não só as mulheres malsucedidas do ponto de vista físico, social ou económico são susceptíveis de cair nas armadilhas do mau amor, como diz no livro. Também acontece com as bem-sucedidas, o que nos leva a concluir que o mal não depende da condição socioeconómica...

Há muitas mulheres que hoje em dia ganham mais que os seus homens e, no entanto, a sua situação afectiva continua a ser a mesma do século XVIII, quando comparada com o homem. Há algo na condição feminina que faz com que a pergunta fundamental seja : "Tu amas-me?"

Porque sofrem tanto por amor?

O centro da vida da mulher é a relação afectiva; já nos homens, o mais importante é o seu desempenho laboral, mostrar o seu triunfo no mundo. Também há uma certa cultura de sofrimento, uma certa idealização do sofrimento, parece que quanto mais se sofre mais se ama. O sofrimento de um não é um crédito sobre o outro, nem um dom. Não tem de ser assim. E depois conheço situações em que, às vezes, eles até são honestos e dizem que não querem compromissos, mas a mulher faz de conta que não ouve. E, sobretudo nas mais jovens, até parece que há vergonha em assumir que se quer um compromisso. A questão é que, ao contrário do homem, a mulher não é moderna, é clássica , e quer compromisso, quer família. O homem sempre foi moderno. O casamento inventou-se para o agarrar.

in DN

PS -não tenho nada contra o facto de a mulher querer casar. Isso representa estabilidade, tão necessária ao desenvolvimento individual, e representa filhos, também tão necessários para não deixar morrer de velhice esta sociedade ocidental.
Para mim casamento ou união de facto "assumida" funcionam da mesma maneira!
Se ser moderno é querer andar na boa-vai-ela, hoje com uma, amanhã com outra, sem nunca assumir responsabilidades e sem procurar estabilidade, NÃO CONCORDO!
Como homem acho que todos nós desejamos estabilidade emocional, sexual, física, social e económica.
Tudo o resto é "paleio", claro que há quem goste de dar uma "facadinha", mas mantendo a sua estabilidade familiar.
O que acontece é que os jovens tornam-se economicamente e emocionalmente independentes mais tarde, do que nas gerações anteriores.
Quem é mais poligâmico o homem ou a mulher? Vejam a antropologia...
Um amigo meu, personalidade pública deste país, que já vai na 4ª mulher, um dia em minha casa, disse-me: vocês têm sorte, nem sabem a instabilidade e o sofrimento que é não encontrar uma mulher com quem nos sintamos bem para toda a vida.

E o casamento não se fez para agarrar o homem, esse sempre foi o aspecto menos relevante, esta autora nunca leu nada de antropologia ou de história, ou se leu fez tábua rasa!

Claro que não discuto que o homem e a mulher têm formas diferentes de "abordar", sentir e viver o amor!
Isso é outra questão!

1 comentário:

Rosa dos Ventos disse...

Nos últimos anos esse paradigma da mulher que quer acima de tudo casar modificou-se bastante, penso eu!
Elas também se tornam independentes, têm casa própria, vão para onde querem sem responsabilidades e se perto dos 40 quiserem ter uma criança ou adoptam ou arranjam uma dum parceiro interessante e depois mandam-no à vida.
Não estão para aturar duas crianças cheias de birras... :-))

Abraço