Primeiros conselhos do outono
Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da natureza:
- «Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,
Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel deveza,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!
Mais valera à tua alma visionária,
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,
(Sem ver uma só flor das mil, que amaste,)
Com ódio e raiva e dor - que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!»
Antero de Quental
2 comentários:
Muito triste este primeiro conselho outonal!
Costumas ser mais optimista! :-))
Abraço
Escutei-te ,além, a dizer um poema de Sophia e é tão, tão próximo deste de Antero!Separa-os um século e a forma de falar.
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