terça-feira, setembro 09, 2008
A rapariga que inventou um sonho
"Quando fechei os olhos, senti o cheiro do vento. Uma aragem de Maio, inchada como uma peça de fruta, com a parte de fora áspera e o interior doce e carnudo, a rebentar de sementes. A polpa aberta e escancarada aos elementos da natureza, libertando as suas sementes de encontro à pele dos meus braços e deixando ficar no ar um ténue rasto de dor. ..."
Haruki Murakami
in a Rapariga que inventou um sonho
Ed. Casa das Letras
Diz Haruki Murakami, na Introdução à edição inglesa, também traduzida na edição portuguesa:
"Para dizer o que tenho a dizer nos termos mais simples possíveis, escrever romances representa para mim um desafio, escrever contos, um prazer. Se o acto de escrever um romance é como plantar uma floresta, escrever contos assemelha-se a plantar um jardim.Os dois processos completam-se, criando um paisagem envolvente que me é muito querida.
A folhagem verde das árvores projecta sobre a terra uma agradável e deleitosa sombra, e o vento faz estremecer as folhas, que por vezes reflectem um brilho dourado. Num jardim, nascem flores em botão e as suas pétalas coloridas atraem as abelhas e as borboletas, fazendo-nos recordar a subtil transição de uma estação para a outra. ... "
Conjunto de contos em que Haruki Murakami nos mostra o Japão moderno em conflito, sem no entanto perder as raízes da sua cultura ancestral.
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2 comentários:
Eu gosto de contos!
Quando terminar os dois livros que ando a ler, talvez experimente esse!
Abraço
O trecho retirado da introdução é uma excelente ajuda à compreensão da distinção entre romance e conto, que é uma tortura para estudantes de teoria literária - a floresta e o jardim, sendo que se trata de um jardim japonês,claro.
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