O título da crónica de hoje é sugestivo, mas não é originariamente meu. É o título de uma colecção chamada “Os anos de Salazar” que em 30 volumes faz uma descrição, de uma inestimável qualidade e de um grande rigor histórico-descritivo, dos momentos marcantes do nosso País durante esse período. Por outro lado, também se explana os acontecimentos que paralelamente influenciaram e modificaram a ordem internacional.
Diz-se que a 3 de Agosto de 1968 o ditador, que tanto tinha de pacóvio como de austeridade, foi “assassinado politicamente” por uma cadeira no Forte de São João do Estoril. Na verdade o que nos interessa apreender não é propriamente dissecar quaisquer as sequelas que Salazar sofreu no seu estado de saúde. Interessa-nos sobretudo compreender de que modo é que este momento basilar contribuiu para a aceleração da queda do Estado Novo.
Em primeiro lugar, perceba-se que o regime já tinha sofrido profundas vicissitudes com o terramoto do General Humberto Delgado, nas eleições de 1958. O que se sucedeu com o ditador nesse Verão não foi mais do que o último suspiro do regime. Em Setembro, Américo Tomás nomeou Marcello Caetano para o cargo de Presidente do Conselho, que pelo que se diz em algumas fontes não terá sido do seu agrado. Sob o signo da “renovação na continuidade”, inicia-se a “Primavera Marcelista” e até 1974, o regime jamais teve descanso. Marcello Caetano, que no plano da doutrina do Direito é uma figura admirável e solene, não teve a necessária coragem política para dizer “basta” a um Estado caducado, insensível e surdo. Caetano dizia que a “liberdade total conduz à desigualdade total”. Pois, mas quando não se aceita humildemente que há profundas mudanças a fazer na organização política e territorial de um Estado, isso conduz ao fracasso dos nossos ideais que perdem, na sua globalidade, validade e razoabilidade. Foi isto que se sucedeu a Marcello Caetano que queria, nas palavras de Salazar, ter a “impressão exaltante de deixar a sua marca nos acontecimentos”. Claro que houve outros factores estruturais e conjecturais que conduziram ao derrube do regime, mas na verdade foi a queda de Salazar, e o seu consequente afastamento do cargo que exercia, o precedente mais decisivo na viragem de página.
By Afonso Leitão
Diz-se que a 3 de Agosto de 1968 o ditador, que tanto tinha de pacóvio como de austeridade, foi “assassinado politicamente” por uma cadeira no Forte de São João do Estoril. Na verdade o que nos interessa apreender não é propriamente dissecar quaisquer as sequelas que Salazar sofreu no seu estado de saúde. Interessa-nos sobretudo compreender de que modo é que este momento basilar contribuiu para a aceleração da queda do Estado Novo.
Em primeiro lugar, perceba-se que o regime já tinha sofrido profundas vicissitudes com o terramoto do General Humberto Delgado, nas eleições de 1958. O que se sucedeu com o ditador nesse Verão não foi mais do que o último suspiro do regime. Em Setembro, Américo Tomás nomeou Marcello Caetano para o cargo de Presidente do Conselho, que pelo que se diz em algumas fontes não terá sido do seu agrado. Sob o signo da “renovação na continuidade”, inicia-se a “Primavera Marcelista” e até 1974, o regime jamais teve descanso. Marcello Caetano, que no plano da doutrina do Direito é uma figura admirável e solene, não teve a necessária coragem política para dizer “basta” a um Estado caducado, insensível e surdo. Caetano dizia que a “liberdade total conduz à desigualdade total”. Pois, mas quando não se aceita humildemente que há profundas mudanças a fazer na organização política e territorial de um Estado, isso conduz ao fracasso dos nossos ideais que perdem, na sua globalidade, validade e razoabilidade. Foi isto que se sucedeu a Marcello Caetano que queria, nas palavras de Salazar, ter a “impressão exaltante de deixar a sua marca nos acontecimentos”. Claro que houve outros factores estruturais e conjecturais que conduziram ao derrube do regime, mas na verdade foi a queda de Salazar, e o seu consequente afastamento do cargo que exercia, o precedente mais decisivo na viragem de página.
By Afonso Leitão
4 comentários:
Se não fosse a cadeira a causa próxima, seria outra coisa...
Portugal já não aguentava semelhante sufoco!
Abraço
E a cadeira não foi presa????
Como tudo na vida há um princípio
e um fim.
O Prof. Marcelo,muma intervenção
na TV.disse que gostaria de ensaiar
outras formas de governar a nação,
mas a ideia ........
Para o Afonso um abraço.
BV.
E mais sr. Bartolomeu, terá o prof. Marcello que: "O País habituou-se durante largo período a ser dirigido por um grande homem, e de hoje para adiante tem de habituar-se a um governo de homens como os outros".
Um abraço
Enviar um comentário