Sem novidade , meu comandante.

Passam hoje 20 anos, que uma tragédia se abateu sobre Lisboa e sabe-se lá porquê, não tomou maiores proporções, talvez porque, quer queiramos quer não, N. Srª de Fátima , ou Alguém junto de Quem ela intercedeu, zelou pelos interesses portugueses e não deixou que o seu lendário Centro Histórico desaparecesse fìsicamente, de uma vez para sempre, consumido pela força incontrolavel do Fogo.

Esta pequena rábula, que hoje vos conto, foi passada neste dia, e tornou-se tema das conversas no nosso meio, por ser uma delícia ao demonstrar singeleza e rotina de toda uma vida ligada ao trabalho, com problemas graves e de risco.

Quando o Comandante chegava pela primeira vez à sua Unidade num qualquer dia, o Oficial de Dia devia apresentar o Serviço, dizendo o que houvera de excepcional . Habitualmente, não tendo acontecido nada de relevante, referia , fazendo a respectiva continência : Sem novidade, meu comandante!

Imaginem a cara do Comandante da Polícia de Lisboa, na tarde daquele dia, quando entrou no seu Comando, na Rua Capelo, junto ao Teatro de S. Carlos, no Chiado e o bom do Comissário Graça, assim se chamava o o Oficial de Dia, postado na sua frente numa posição de sentido impecável , proferia , como habitualmente, na maior das calmas, com as redondezas todas em chamas . "SEM NOVIDADE, MEU COMANDANTE !"

Só conhecendo o Comandante de Lisboa é que se adivinhará qual terá sido a sua reacção . Deixo-a à consideração dos mal intencionados. Acrecento apenas que o senhor era um Coronel dos antigos "Comandos" e um Comandante, na verdadeira acepção da palavra!