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sexta-feira, agosto 22, 2008

Bebido o luar


Bebido o luar


Bebido o luar, ébrios de horizontes,

Julgamos que viver era abraçar

O rumor dos pinhais, o azul dos montes

E todos os jardins verdes do mar.


Mas solitários somos e passamos,

Não são nossos os frutos nem as flores,

O céu e o mar apagam-se exteriores

E tornam-se os fantasmas que sonhamos.


Por que jardins que nós não colheremos,

Límpidos nas auroras a nascer,

Por que o céu e o mar se não seremos

Nunca os deuses capazes de os viver.


Sophia de Mello Breyner Andresen

Antologia

Círculo de Poesia

Moraes Editores

1975

2 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Teria que ser de Sophia...
"Quando eu morrer tudo vai ficar como estava..." - estou a citar de cor.

Abraço

Anónimo disse...

Bebido o luar
Sophia de Mello Breyner Andresen
............
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.


Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.


Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.