O meu pequeno tributo a tão grande vulto :Não obstante o seu trabalho com o fado de Coimbra e a música tradicional, vulgo folk português, José Afonso ficou indelevelmente associado pelo imaginário colectivo à música de intervenção, através da qual criticava o Estado Novo .
Soube pela 1ª vez da sua existência no longínquo ano de 1966 e na muito mais longínqua Angola. Era meu companheiro de quarto durante a guerra o meu grande amigo e alferes miliciano Matos Gago , natural de Grândola , onde já exerceu as funções de Presidente da Câmara. Foi naquele quarto que eu ouvi trautear por ele algumas canções do Zeca Afonso , a princípio não liguei muito pois ele cantava baixinho ( dava-me a impressão que tinha medo de alguma coisa ) , mas depois gostei e apreciei ...
6 comentários:
O grande Zeca, tão perseguido pelo regime salazarista...
Eu soube da sua existência um pouco mais tarde.
Estava proibido de dar aulas, sobrevivia, em Setúbal, onde eu fui colocada em finais dos anos 60, com a venda de discos que os amigos faziam às escondidas e com algumas explicações.
Foi a professora de Moral, de nome Cristina, que me vendeu o meu primeiro disco dele...
Tanta gente injustiçada, perseguida, sem futuro, em fuga e muitos mortos, sim porque a guerra colonial também se conta, por causa de um regime, por causa de um homem.
Só que a memória do povo é curta e ainda há aqueles que contribuem para fazer apagar este passado de ditadura!
Abraço
Se soubesse !
Cantava a " menina dos olhos tristes " ...
em homenagem a este Homem !
ADN
ADN : è só clidares na canção nº 10 da playlist do blogue , Ok ? Delicia-te
É com orgulho que a nossa "TUNASAS" canta algumas canções do Zeca. Que ele seja sempre recordado!
O Zeca não morreu. Ouçamos as suas canções e depois digam-me, se ele partiu?
Um abraço para todos.
Como sempre, o língua viperina, vai testemunhar uma pequena história que se passou com ele e um trio famoso de cantores de intervenção, que marcaram e fizeram a história do PREC em 75, entre os quais, o insuperável Zeca Afonso!
Estavámos em pleno Verâo de 1975.
Zeca Afonso, acompanhado de Fausto e Adriano Correia de Oliveira, faziam uma digressão por Angola e davam espectáculos para os militares, nas cidades onde estavam sediados os principais Comandos de Zona e Sector. Na altura era eu um jovem Capitão, colocado no Comando da Zona Militar Norte, em Carmona- hoje Uíge- e fui nomeado para almoçar com estas personagens num restaurante da cidade.
No Norte de Angola , naquela época, a escolha e a qualidade eram reduzidas, principalmente, sendo sem marcação, tendo sido escolhido o que havia.
Escolhida a ementa, frangos à cafreal, quando foram servidos os vinhos o Zeca Afonso virou-se para mim e disse-me:
" Oh, Sr. Capitão !
Então não há melhor coisa nesta terra ? Isto é uma porcaria, francamente!"
Fiquei um pouco atrapalhado, mas lá me desculpei, dizendo que efectivamente, não havia melhor, naquele momento.
Contudo, o certo é, que apesar de ser uma porcaria, segundo a sua douta opinião, pois eu não a pude confirmar, porque nunca gostei de tal nectar precioso ,as garrafas foram sendo aviadas sem parcimónia, imaginando eu, o que não teria sido se o vinho fosse bom!!! A adega do dono do Restaurante ter-se-ia esgotado e só teria sido reabastecida no próximo MVL (Movimento de Viaturas Logístico), com a respectiva escolta.
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